NEMÁTODO DA MADEIRA DO PINHEIRO

O que é o Nemátodo da Madeira do Pinheiro

  • Nome científico: Bursaphelenchus xylophilus;
  • Verme microscópico que mede menos de 1.5mm de comprimento, considerado um dos organismos patogénicos mais perigosos para as coníferas a nível mundial;
  • É o agente causal da doença da murchidão dos pinheiros;
  • Origina a morte das árvores afectadas.

Onde existe o NMP em Portugal?

Principais Concelhos: Alcácer do Sal; Alcochete; Almada; Barreiro; Grândola; Moita; Montijo; Palmela; Santiago do Cacém; Seixal; Sesimbra; Setúbal; Sines (Setúbal); Concelhos de Benavente; Coruche (Santarém); Concelhos de Montemos-o-Novo; Concelhos de Vendas Novas (Évora).

Na primavera de 2008, NMP foi também detectado na zona centro do País no distrito de Coimbra, na região da Lousã e Arganil, não sendo por enquanto conhecida com exactidão a área total afectada.

Que árvores são atacadas pelo NMP?

Em Portugal, o NMP foi encontrado unicamente em pinheiro bravo (P. pinaster), embora ocorra em áreas com grande densidade de outros pinheiros, nomeadamente o pinheiro manso (P. pinea).

Quais os sintomas das árvores atacadas pelo NMP?

Não existem sintomas específicos do ataque do NMP.

No entanto, em termos gerais as árvores apresentam:

  • Diminuição no fluxo de resina algumas semanas após a infecção;
  • ao que se segue a descoloração da copa e/ou seca;
  • murchidão das agulhas.

Estes sintomas aparecem a partir do meio do Verão, sendo mais evidentes nos meses de Outono e/ou Primavera.

Estudos realizados no nosso país sugerem que as árvores infectadas pelo NMP apresentam sintomas de declínio no prazo de alguns meses após a infecção.

Sintomatologia do declínio súbito do pinheiro

 

 

 

 

 

 

Todas as árvores com sintomas têm NMP?

Não.

Existem muitos outros factores de declínio e mortalidade, tais como ataques de insectos escolitídeos, fungos patogénicos, seca, etc., que provocam sintomas idênticos conduzindo à morte das árvores.

Assim, a presença do NMP só pode ser detectada em laboratório após colheita de material lenhoso.

Como se distribui o NMP no interior de uma árvore infectada?

Uma vez no interior das árvores, os nemátodos reproduzem-se rapidamente alimentando-se das células epiteliais e do parênquima dos canais de resina, provocando o decréscimo e a paragem da produção de resina.

Posteriormente, o NMP invade gradualmente os canais resiníferos axiais e radiais do xilema, o câmbio e os restantes tecidos corticais, provocando a destruição das paredes celulares e, simultaneamente, a cavitação ou embolismo das células do xilema.

Acima de 20ºC a transpiração foliar cessa ao fim de 20/30 dias, originando a descoloração e murchidão das folhas e por fim a morte da árvore por falta de água, que ocorre em apenas dois a três meses.

Como é que o NMP pode passar de uma árvore para outra

O NMP necessita ser transportado por um insecto, sendo os cerambicídeos do género Monochamus os vectores mais importantes a nível mundial.

Existem três etapas fundamentais neste processo:

  • a entrada do NMP no corpo do insecto;
  • o transporte pelo insecto e
  • a transmissão para uma nova árvore.

 

 

 

 

 

 

A quem compete a remoção das árvores e dos sobrantes?

Estas acções são da responsabilidade dos proprietários e constituem uma obrigação legal.

Esteja atento à legislação em vigor e potenciais apoios e se se antes de proceder a qualquer acção de exploração florestal.

Consulte a sua organização de produtores florestais ou o gabinete técnico florestal do seu município.

Evolução da Doença do Nemátodo

Abril a Outubro

  1. O insecto-vector transmite o nemátodo:
    • a pinheiros saudáveis quando se alimenta nos seus raminhos;
    • a pinheiros enfraquecidos, quando se faz as suas posturas de ovos.
  2. Depois do nemátodo instalado multiplica-multiplica-no interior dos pinheiros levando à sua morte.

As larvas do longicórnio que se desenvolvem nas árvores enfraquecidas, se se em insectos adultos na Primavera do ano seguinte, abandonando os pinheiros e transportando consigo o nemátodo.

Novembro a Março (período ideal para remoção dos pinheiros doentes)

Os sobrantes de cortes deverão ser estilhados (inferior a 3 cm) ou queimados no local, devendo consultar sempre o risco de incêndio florestal.

Árvores com sintomas ou mortas deverão ser abatidas e a sua madeira transportada para tratamento em unidades industriais.

A solução está na prevenção

Árvores enfraquecidas favorecem a dispersão do nemátodo;

Evite o transporte de material lenhoso no período de Abril a Outubro pois pode estar a espalhar a doença;

Não conserve lenha de um ano para o outro;

Mantenha o seu pinhal saudável.

É possível combater o NMP e o insecto vector utilizando produtos químicos?

As tentativas de controlar a doença da murchidão dos pinheiros na Coreia e Japão, através de pulverizações aéreas e terrestres de insecticidas durante o período de voo do insecto vector, não foram eficazes devido à necessidade de aplicações repetidas durante o longo período de emergência do insecto vector, originado ainda efeitos negativos adversos, tais como problemas de poluição ambiental.

Actualmente, os insecticidas são apenas recomendados na protecção de árvores ornamentais isoladas, nos parques de madeira ou em tratamentos de estilha. As técnicas de controlo do nemátodo se difíceis de serem aplicadas, principalmente porque a utilização de nematodicidas é economicamente pouco viável para tratamentos ao nível da floresta e altamente prejudicial em termos ambientais.

Existem armadilhas eficazes para capturar o insecto vector?

Estão a decorrer em Portugal estudos da avaliação da sensibilidade dos insectos adultos aos compostos voláteis produzidos pelo hospedeiro e de avaliação e aperfeiçoamento de vários tipos e designs de armadilhas.

Aparentemente não existem feromonas sexuais que possam ser sintetizadas para atrair os insectos adultos.

Os atraentes mais eficazes até ao momento são o etanol, a aguarrás de pinheiro bravo e feromonas das principais espécies de escolitídeos existentes nos pinhais portugueses (Ipsenol e Ipsdienol do Bóstrico Grande – Ips sexdentatus; Metilbutenol do Bóstrico Pequeno – Orthotomicus erosus).

A aplicação correcta e atempada de uma rede de armadilhagem permite reduzir o efectivo populacional do vector e contribuir para o controlo da doença.

Qual o meio de luta mais eficaz contra o NMP e o insecto vector?

O abate e queima das árvores infectadas antes do início do período de voo do insecto em Maio, período em que a população do insecto vector se encontra no interior do hospedeiro, é o meio de luta mais eficaz para a redução da população do insecto e, consequentemente, para evitar o alastramento da doença.

Dada a presença de larvas do insecto em ramos e raminhos muito finos é extremamente importante proceder à recolha cuidadosa deste material lenhoso, que deverá ser destruído através da queima no local ou estilhaçamento.

É possível controlar com sucesso o NMP em Portugal?

Aplicando conjuntamente estratégias de luta cultural, com o corte e destruição atempada de todas as árvores mortas no período correcto e a eliminação de todo o material da copa, e estratégias de luta biotécnica, com a instalação de armadilhas iscadas com atractivos para capturar os insectos adultos, é possível diminuir drasticamente a mortalidade causada pelo NMP no período de alguns anos e, adicionalmente, controlar os outros insectos e agentes de mortalidade que ocorrem actualmente em altos níveis populacionais na zona afectada.

Estes procedimentos têm sido realizados ao longo dos últimos 7 anos na Península de Tróia, por exemplo, onde o número de árvores cortadas anualmente foi reduzido em um terço e o NMP é actualmente responsável por apenas cerca de 12% da mortalidade registada, estando a doença hoje em dia perfeitamente controlada na região, embora as acções de controlo do vector e erradicação das árvores mortas tenham de ser repetidas anualmente.

Intervenções futuras na floresta devem considerar a escolha de espécies de pinheiros não susceptíveis ao NMP para novas plantações na zona afectada e em regiões igualmente favoráveis para o desenvolvimento da doença.